Olhar as contas do negócio nem sempre é uma tarefa fácil, seja por questões econômicas ou emocionais. Mas ignorá-las pode gerar um estresse ainda maior: o da falência.
Para Marcelo Correa, professor do curso de Administração da Universidade Anhembi Morumbi, devemos nos comportar mais como "formigas" e menos como "cigarras" durante momentos de crise. "Precisamos pensar mais no futuro e menos na fartura", afirma.
Os brasileiros conseguem vencer as barreiras da burocracia e empreender, mas o grande desafio é manter o negócio, segundo Luiz Fernando Barbieri, coordenador da pós-graduação CBA Gestão Estratégica por Processos do Ibmec do Rio de Janeiro. "Os empreendedores fazem muito uma gestão por feeling, e, quando a empresa vende menos, dão desculpas para seus erros".
Para saber administrar as finanças, é indispensável que o empreendedor procure capacitação sobre o tema. "O gestor tem que aprender a fazer seu negócio virar", diz Ruy Barros, consultor do Sebrae de São Paulo.
Antes que sua empresa fique no vermelho, conheça doze erros dos quais você deve fugir:
1. Ignorar o planejamento
Segundo Barros, desconhecer qual o caminho que o negócio irá seguir é a primeira falha cometida pelos empreendedores que gera gastos maiores do que o previsto. Para ter uma visão estratégica da empresa, o consultor recomenda fazer um plano de negócios. "Comece a trabalhar sua empresa no papel, e depois vá para o dia a dia. Assim, você comete menos erros".
2. Só se importar com o faturamento
Olhar as métricas do negócio é fundamental em qualquer empresa. Mas isso não significa que apenas saber os números de faturamento seja o suficiente. Segundo Barros, o problema é que muitos empreendedores, apesar de acompanharem o valor, não sabem como trabalhar com ele.
Isso significa que, quando o resultado financeiro entra em queda, muitos não sabem responder se a qualidade do produto deixou a desejar ou se a concorrência ganhou o mercado, exemplifica Barbieri.
Para lidar com essa situação, Correa recomenda olhar a relação do faturamento com o valor visto em anos anteriores e, se possível, com o resultado que os concorrentes alcançaram.
3. Comprometer o negócio com dívidas
Investimentos são necessários, mas é importante refletir se eles irão dar retorno e quando isso acontecerá. "Destinar uma grande parte da receita às dívidas acaba com a liquidez do negócio", alerta Barbieri. Isso significa que, quando o empreendedor precisar de dinheiro para uma situação de emergência, suas reservas estarão comprometidas.
Uma outra atitude que mergulha o empreendimento em dívidas é depender do dinheiro que está no plano das promessas. "Muitos acabam adquirindo um novo equipamento, por exemplo, mesmo que o acordo de venda ainda não tenha sido concretizado".
4. Não ter controle sobre o fluxo de caixa
Gastar mais do que recebe: essa conta não vai fechar nunca. "Quando o empreendedor não tem um controle, acaba comprando demais. Esse desequilíbrio nos recursos faz com que a empresa não avance", diz Barros.
Esse erro é um passo certeiro para a falência, afirma Barbieri. Para saber exatamente como está o fluxo de caixa, uma planilha é suficiente em pequenos negócios. Em empresas maiores, pode ser necessário ter um sistema de gestão.
O que olhar? Correa recomenda analisar fatores como as características do segmento da empresa, incluindo taxa de crescimento, e se o empreendedor tem capital de giro suficiente para manter o negócio.
5. Desconsiderar custos de produção
Em toda empresa, há custos fixos (como o aluguel) e custos variáveis (que variam com a produção, como matéria-prima e energia). Muitos empreendedores não sabem como calcular o segundo tipo de gasto, diz Barbieri. Esse acúmulo de gastos inesperados faz o caixa da empresa ir para o vermelho.
6. Estocar além do necessário
Comprar muitos produtos de uma vez só era um hábito comum na época da hiperinflação, mas que ainda permanece. "A gente sabe que existe um indicador importante, que é a perda da venda pela falta de estoque, mas pior do que isso é ter um estoque excessivo", diz Barbieri.
Por isso, é necessário analisar a demanda e manter um estoque enxuto. Caso contrário, o orçamento fica comprometido por gastos que, na verdade, eram evitáveis.
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Fonte: Exame PME.